" - Em O auto da barca do inferno, Gil Vicente constrói um teatro alegórico, em que satiriza a sociedade e os valores vigentes da época. Faz isso colocando uma série de pessoas, de diferentes origens e classes sociais, diante de um julgamento: ou elas vão para o Inferno, ou vão para o Paraíso."
" Gil Vicente escrevia seus Autos para a corte da época. Isso quer dizer que essas peças em que ele critica todo mundo, satiriza os modos da sociedade e todos os seus "tipos', inclusive a própria nobreza, eram encenadas dentro dos palácios, na presença do próprio rei. "
Tudo o que sólido derreter
- Gil Vicente defende o catolicismo genuíno, e não a hipocrisia como alguns faziam na época;
- Muitos dos problemas que são abordados no Auto da Barca do Inferno são atuais;
- Ele acredita que a vida terrena tem de ser guiada pelos preceitos religiosos: ir para o céu;
- É uma encenação do Juízo Final: havia uma antiga crença do barqueiro;
Personagens
- Diabo: personagem principal, engraçado, dá espaço para que as almas possam se defender, extrovertido;
- Anjo: carrancudo, introvertido, orgulhoso, julga rapidamente, autoritário, só se manifesta para julgar;
- Cruzados: vão direto para a barca do céu cantando hinos de louvor a Deus;
- Bobo: também foi para o céu;
- Fidalgo;
- Sapateiro;
SAPATEIRO: Quantas missas eu ouvi,
nom me hão elas de prestar?
DIABO: Ouvir missa, então roubar,
é caminho per'aqui.
- Frade
DIABO Que cousa tão preciosa...
Entrai, padre reverendo!
FRADE Para onde levais gente?
DIABO Pera aquele fogo ardente
que nom temestes vivendo.
FRADE Juro a Deus que nom t'entendo!
E este hábito no me val?
DIABO Gentil padre mundanal,
a Berzebu vos encomendo!
- Judeu;
- Corregedor;
- Enforcado.