ÉPOCA - Voltando aos livros, que autores o senhor gostava de ler na mocidade?Nelson - Li muito pouco. Leitor ideal é o que só lê o mesmo livro todos os dias. Por mais acaciano que pareça, a arte da leitura é a releitura. Reli muitas vezes Crime e Castigo, Os irmãos Karamazov, Anna Karenina, Machado de Assis, porque apenas a leitura não basta.
Seguindo o conselho do Nelson (Rodrigues), decidi reler meu livro favorito, que por feliz coincidência também é russo, há algumas semanas atrás. Esse livro teve grande influência sobre mim, acho que por isso só depois de 2 anos resolvi relê-lo. A primeira leitura foi agradabilíssima e fascinante, a probabilidade de não se apaixonar pelo protagonista é tão pequena, beira o impossível. Quando terminei a leitura fiquei impressionada, encabulada e ao mesmo tempo apavorada. Tudo (quase tudo) o que saquei foi o seguinte: um cara se apaixona, declara seu amor, é rejeitado e morre sem nunca ao menos ter beijado. Soou bem romântico, não? Admito que todo esse "romantismo" fascinou-me, todavia o fato do protagonista ser niilista fez com que esse livro tivesse tanta influência sobre mim mesmo depois de meses que o li. Niilismo que de uma certa maneira acomodou minha alma e anseios na época e ainda hoje.
E a releitura?
Com a releitura compreendi o quão enganada eu estava a cerca desse romantismo todo, embora não seja desprezível. Sinto-me estranha ao relembrar que meu herói morreu de... Pra mim, esse meu blablabla não passa de BULLSHIT. Talvez seja, talvez não. Além de todo romantismo, o livro é de um enredo singular, especial e extraordinário. Um livro que você quer ler vagarosamente, saboreando cada capítulo, cada diálogo, cada parágrafo, cada frase e cada palavra. Conclusão: reler nunca é demais!
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