31 de julho de 2016

Agora o mundo é aqui

Buda não foi um redentor ou um filho de Deus. Ele foi uma pessoa como Jenny. 
Quando ele nasceu, profetizaram a seu pai que seu filho dominaria o mundo ou renunciaria a ele, duas coisas de qualquer forma opostas. Ele renunciaria se conhecesse as misérias e o sofrimento do mundo. O pai queria impedir que isso acontecesse e, portanto, tentou proteger o filho do mundo fora do palácio - ao mesmo tempo que o cercava de toda sorte de alegrias e divertimentos. Mas Sidarta não se contentou com sua protegida existência de príncipe diante dos muros do palácio ele vira um ancião, um doente e um cadáver putrescente...
O encontro com o ancião corcunda mostrou a Sidarta que a velhice é um destino do qual ninguém escapa. A visão do doente em sofrimento o fez questionar se seria possível estar a salvo da doença e da dor. E o cadáver lembrou ao jovem príncipe que todas as pessoas um dia morrerão e que o mais feliz dos homens está sujeito a transitoriedade da vida.
Depois dessas experiências desoladoras, Sidarta encontrou um asceta com uma expressão feliz e radiante. Esse encontro o fez concluir que a vida em meio a riqueza e ao prazer era vazia e sem sentido. Então ele se perguntou: existe alguma coisa neste mundo que esteja a salvo da velhice, da doença e da morte?
Sidarta estava tomado de compaixão por seus semelhantes e sentiu-se predestinado a mostrar aos homens uma saída para a dor. Mergulhado profundamente em seus pensamentos, ele voltou ao palácio e, ainda na mesma noite, renunciou à sua agradável vida de príncipe e se dedicou por uma vida errante.
Depois de 6 anos peregrinando como é um asceta, Sidarta sentou-se ao pé de uma figueira às margens do rio Neranjara. E aqui - aqui ele viveu seu "despertar". Após viver trinta e cinco anos como um sonâmbulo, Sidarta descobriu que o sofrimento no mundo é causado pela sede de viver. Então ele se tornou "buda", aquele que despertou. 


Trecho do conto Buda de Jostein Gaarder, retirado do livro Pássaro Raro 

21 de julho de 2016

Ele está em nós / Dignos de maratona

House of cards é uma mini-série britânica produzida pela BBC no ano de 1990 que trata com maestria o jogo de poder na política. Tem-se como cenário a perversa Londres de parlamentares cuja tramas incluem chantagem, abuso de poder e manipulação midiática. Acompanhamos a saga do humilde e solícito vice-líder Francis Urquhart ao posto de maior importância do parlamento britânico: primeiro-ministro. Urquhuart é um homem dos bastidores que sabe como lidar com seus adversários, manipular suas fraquezas. Para conseguir seu objetivo, ele contou com a influência da imprensa, peça fundamental nesse jogo, uma vez que é por meio dela que se pode exaltar ou denegrir a imagem de alguém. A série possui apenas 4 episódios, todavia seu conteúdo permeia como as relações políticas funcionam por meio da história. A atemporalidade dessas relações evidencia também como o mal permeia em nós. 

Atualização 14/08

Já no posto de primeiro-ministro, FU encontra na realeza um adversário a altura. O recente coroado rei entusias
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Jessica Jones não se destaca na multidão, na verdade, ela teme exatamente isso: ser considerada uma heroína. 
Tinha uma certa falta de interesse em conhecer mais a fundo histórias sobre super-heróis. Sempre achei que esse tipo de dominação americana serve apenas para vangloriar o american way of life, assim vivia tranquilamente sem consumi-la. Tempos mudam, continuo a não priorizar essas histórias mas não resisti aos encantos de conhecer a história de Jessica Jones. Não ouso rotulá-la como heroína em ascensão ou anti-heroína, isso é o que  menos importa pois ela não tem pretensão de defini-la, senão como preguiçosa, bagunceira, introvertida e amante de bebidas alcoólicas. 
Na série da Netflix, ela está aprendendo a lidar com seu trauma mais recente, ocasionado pelo controlador de mentes Kilgrave. 
13 episódios dignos de maratona, os vi em 2 dias. 

16 de julho de 2016

Sobre a influência dos livros na nossa vida

Enquanto eu não ler Grande sertão: Veredas, eu não vou ser uma pessoa completa.

Presenciamos um holocausto sim!

O quanto nós brasileiros conhecemos do nosso país?

Ouso responder essa pergunta com uma palavra: pouco.

Infelizmente a nossa síndrome de cachorro vira-lata nos faz dar mais valor a tudo o que é criado fora do Brasil. Ainda temos desconfiança da qualidade dos nossos filmes, os quais a maioria só assistiu os que a Globo produziu, ainda temos desesperança de que possamos ter um país desenvolvido, ainda culpamos o outro de corrupto mas não refletimos sobre quais atitudes corruptas também fazemos, ainda aspiramos mudar para um país em que tudo funcione com a ideia de que vamos "funcionar" também. 
Um dos maiores descasos que possamos ter é o descaso com a nossa história. Isso faz com que tragédias sejam esquecidas e uma delas foi durante muito tempo velada, a do hospício Colônia, localizado na cidade de Barbacena em Minas Gerais. Cerca de 60 mil pessoas foram mortas nesse local. 

60 MIL PESSOAS FORAM MORTAS por serem marginalizadas pela sociedade, por não serem de acordo com o padrão, umas por apresentarem doenças mentais, outras por não terem outro local para viverem.








Ao se deparar com as fotografias acima, a jornalista Daniela Arbex ficou completada impactada. Todas elas foram tiradas em 1961 pelo fotógrafo Luiz Alfredo e retratam a realidade do hospício Colônia naquele período. As imagens, que ao primeiro momento se assemelham as de campos de concentração nazista, ainda são desconhecidas por grande parte de nossa população. 
Para resgatar e compreender a história de vida dos internos e protagonistas das fotografias, a jornalista Daniela escreveu o livro Holocausto Brasileiro. 


Em entrevista à UNIVESP TV, a autora relata sua experiência de escrever um livro sobre um dos capítulos mais cruéis de nossa história.