17 de janeiro de 2015

Sobre paixão e amor


"Por que os humanos se apaixonam?", pergunto.
"Pode-se dizer que é algum tipo de escolha."
"Entendo", eu falo. "Muito bem, então como os humanos se apaixonam? Como é que você cria a consciência que faz com que eles percebam que foram feitos um para o outro?"
"Primeiro, eles não estão tão apaixonados como acreditam", ela diz. "Cair de amores implica que você esteja descontrolado, e isso é o que Paixão e Luxúria e Desejo querem que sinta. O problema é que elas fazem um trabalho de  marketing tão bom delas mesmas que muitos humanos prontos para o amor que me confundem com seu anseio físico."
Devo admitir que tenho visto a parte dos humanos que me toca estragar suas sinas à procura de amor, quando o que eles realmente queriam era trepar.
"A verdade, Fábio", ela diz, entornando o resto de seu uísque, "é que o amor é como um bom livro que você não consegue largar e que deseja que nunca termine. Mas, com Atração e Luxúria, em vez de saborear a forma como a história se desenrola, você simplesmente pula para o último capítulo."
Enquanto reflito sobre isso, Amor pede outro uísque com gelo. Ouço Paixão e Desejo dando risadinhas, lá no fundo do salão.
"E segundo", diz Amor, apontando para o ambiente em torna de nós, "nem todos estão prontos para me acolher. Aqueles casais ali, todos prisioneiros de sua paixão e de seu desejo, não estão prontos para o amor. Não saberiam o que fazer com ele. Então, não vou perder meu tempo com homens e mulheres que não podem apreciar o que eu lhes ofereço."
"Tudo bem. Então, quando a gente está pronto para o amor, como é que sabe que não se trata de Atração ou Desejo?"
Amor sorri e olha para o seu drinque. "Você simplesmente sabe."

Desastre de S.G.Browne 
 

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