A designação "Barroco" tem sua origem numa palavra que significa "pérola irregular".
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As três graças de Peter Paul Rubens, 1639. |
Na arte barroca são típicas as formas opulentas,
cheias de contraste,
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A Primavera de Sandro Botticelli, 1478. |
bem ao contrário das formas mais despojadas e mais harmônicas da arte renascentista.
Para continuar a leitura, nada seria mais agradável do que ouvir juntamente
alguns dos principais compositores barrocos.
Enjoy it!
O século XVII foi particularmente marcado pela tensão entre opostos irreconciliáveis. De um lado, continuava a existir a visão de mundo do Renascimento, otimista e de exaltação da vida; de outro o extremo oposto desta visão também encontravam muitos adeptos, que preferiam abraçar uma vida de reclusão religiosa e negação do mundo. Tanto na arte quanto na própria vida, encontramos uma verdadeira opulência de formas expressivas.
- Uma palavra de ordem do Barroco era o dito latim Carpe diem
que significa "aproveita o dia de hoje!"
Esta gravura expressa o que se chama memento mori, expressão latina que significa "lembra-te de que vais morrer". O renascentista Dürer compõe um casal de figuras contrastantes: uma jovem com a coroa e o vestido típicos de uma noiva no dia do seu casamento, ao lado de um personagem mítico das florestas impenetráveis dos Alpes que simboliza a lascívia, a extremada sensualidade. A frente deles, a caveira: ou seja, o amor sagrado e profano serão amos inevitavelmente vencidos pela morte. Memento mori é uma advertência para que não esqueçamos da brevidade da vida.
No século XVII se disse muitas vezes que "A vida é um teatro". E foi precisamente durante o Barroco que surgiu o teatro moderno, com toda a sua parafernália de cenários e maquinaria. O teatro criava em cena uma ilusão, para depois desmascará-la na própria peça encenada. Assim, o teatro refletia a própria vida, mostrava que a altivez precede a decadência e representava a mesquinhez humana de forma impiedosa.
Shakespeare escreveu suas grandes peças por volta de 1600, o que o coloca um pé no Renascimento e outro no Barroco. Mas já nele encontramos muitas citações que reforçam a ideia de que a vida é um teatro. Shakespeare se preocupava com a brevidade da vida, não a toa sua mais célebre citação é "Ser ou não ser, eis a questão", hoje estamos por aqui, mas amanhã poderemos não estar.
Quando não comparavam a vida com um teatro, os poetas do Barroco a comparavam com um sonho.
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"Somos feitos da mesma matéria que compõe os sonhos, e nossa breve vida está envolta em sono..." |
A filosofia durante o Barroco também foi marcada por lutas acirradas entre modos de pensar contraditórios. Como já vimos, alguns filósofos consideravam a existência algo de natureza fundamentalmente anímica ou espiritual. Chamamos este ponto de vista de idealismo. O ponto de vista oposto se chama materialismo e designa uma filosofia que explica todos os fenômenos da existência a partir de grandezas concretas, materiais. No século XVII, o materialismo também teve muitos defensores. O de maior influência talvez tenha sido o filósofo inglês Thomas Hobbes. Ele dizia que todos os fenômenos - o que inclui homens e animais, portanto - se compunham exclusivamente de partículas materiais. Até mesmo a consciência, ou a alma humana teria sua origem no movimento de minúsculas partículas cerebrais.
Idealismo e materialismo são duas constantes que atravessam toda a história da filosofia. Só que raríssimas vezes esses dois pontos de vista apareceram de forma tão marcante num mesmo período quanto no Barroco. O materialismo foi amplamente nutrido pela ciência natural. Newton havia chamado a atenção para o fato de as mesmas leis do movimento valerem para todo o universo. Tido seria determinado, portante, pelas mesmas imutáveis leis, ou seja, pela mesma mecânica.
Uma pequena história
Certa vez, um astronauta e um neurologista russos discutiam sobre religião. O neurologista era cristão, e o astronauta não. "Já estive várias vezes no espaço", gabou-se o astronauta, "e nunca vi nem Deus, nem anjos." "E eu já operei muitos cérebros inteligentes", respondeu o neurologista, "e também nunca achei um único pensamento."
A anedota mostra que os pensamentos são algo completamente diferente de tudo o que se possa amputar ou dividir em partes menores. Por exemplo, não é nada fácil eliminar cirurgicamente uma ilusão. De certa forma, ela é profunda demais para ser removida dessa forma. Um importante filósofo chamado Leibniz disse que a grande diferença entre tudo o que é feito de matéria e tudo o que é feito de espírito está no fato de que o material pode ser decomposto em unidades cada vez menores, ao passo que a alma não pode ser cortada em pedaços.
No próximo post vamos conhecer dois importantes filósofos do século XVII: Descartes e Spinoza!
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