O nosso calendário inicia-se com o nascimento de Jesus. Três dias após a sua morte espalham-se boatos de sua ressurreição e a partir de então houve a expansão da fé cristã.
- Até o século III esta fé foi proibida, sendo reconhecida como religião pelo Império Romano em 313;
- Em 380, o cristianismo se tornou a religião oficial de todo o Império Romano;
- No ano de 395, o Império Romano foi dividido: passou a haver, então, um Império Romano do Ocidente, tendo Roma como seu centro, e um Império Romano do Oriente, cuja capital era a nova cidade de Constantinopla;
- Em 410, Roma foi pilhada por povos bárbaros, e em 476 todo o Império Romano do Ocidente ruiu;
- O Império Romano do Oriente continuou a existir até 1453, ano em que os turcos tomaram Constantinopla.
Apesar de ter sido para o homem renascentista a Idade Média uma única e longa "noite de mil anos", houve também os que considerassem um período de "mil anos de crescimento". Durante a idade Média surgiram as diferentes nações, com suas cidades e fortalezas, sua música própria e suas narrativas populares.
O que seria dos contos de fada, dos nibelungos, dos cruzados, das bruxas, dos príncipes e das princesas se não tivesse existido a Idade Média?
A Filosofia Medieval gira em torno de tais questões:
- Qual era a relação entre os filósofos gregos e as doutrinas da Bíblia?
- Havia uma contradição entre a Bíblia e a razão, ou será que a fé e o conhecimento podiam conviver em harmonia?
Santo Agostinho
Considerado um dos mais importantes filósofos cristãos,
Santo Agostinho nasceu num período de transição entre o final da Antiguidade e
os primórdios da Idade Média. Neste período de decadência do Império Romano,
havia diversas tendências filosóficas e religiosas, desde os filósofos gregos
até a doutrina cristã.
Antes de se converter ao cristianismo, Santo Agostinho
pesquisou várias destas tendências vigentes na época. A partir destes
conhecimentos, ao tornar-se cristão fundiu algumas destas ideias
“cristianizando-as”. Para a teoria das
ideias de Platão, Santo Agostinho explicava que Deus havia criado o mundo a
partir do nada, e este é um ensinamento da Bíblia. Os gregos por sua vez,
tendiam para a visão segundo a qual o mundo sempre tinha existido. Para
Agostinho, antes de Deus ter criado o mundo, as “ideias” já existiam dentro da
Sua cabeça. Ele atribuiu a Deus as ideias eternas e com isto salvou a concepção
platônica das ideias eternas.
E quanto ao neoplatonismo, Agostinho aplica-o a sua doutrina
sobre o mal. Como Plotino, ele também achava que o mal era a “ausência” de Deus.
Assim, o mal não teria uma existência autônoma, mas seria algo que não é. Isto
porque Deus só criou o bem. Para Agostinho, o mal surge da desobediência do
homem. Ou, para dizê-lo com suas próprias palavras: “a ‘boa vontade’ é ‘obra de
Deus’, a ‘má vontade’ é a ‘ausência da obra de Deus’”.
O que acontece com a alma quando morremos?
Para Agostinho, toda a raça humana fora amaldiçoada depois
do pecado original. Defendia que a vida humana era uma realização da vontade de
Deus, e que os homens, mesmo antes de nascerem, já estavam predestinados à
salvação ou à perdição. Dizia que ainda que recebessem os sacramentos e se
submetessem à vontade da Igreja davam provas de sua predestinação à salvação
eterna.
A teologia de Santo Agostinho influenciou toda a teologia
ocidental posterior, especialmente com sua visão psicológica profunda e com o
sentido de absoluta dependência do homem, em relação à graça divina, elaborado
em sua doutrina da predestinação, da igreja e dos sacramentos.
São Tomás de Aquino
O maior e mais importante filósofo da Baixa Idade Média foi São Tomás de Aquino, que viveu entre 1225 e 1274. Ele era originário da pequena cidade de Aquino, entre Roma e Nápoles.
São Tomás de Aquino está entre os que tentaram conciliar a filosofia de Aristóteles com o cristianismo. Ele não acreditava num paradoxo irreconciliável entre aquilo que nos diz a filosofia ou a razão, de um lado, e a revelação ou a fé cristão do outro. Muito frequentemente, o cristianismo e a filosofia falam da mesma coisa.
São Tomás de Aquino quer mostrar que existe apenas uma verdade. Uma parte da verdade nós podemos reconhecer, portanto, através da razão e da observação. Uma segunda parte da verdade nos foi revelada por Deus através da Bíblia.
Para São Tomás de Aquino, Deus havia se revelado aos homens através da Bíblia e da razão. O mesmo vale para o campo da moral. Podemos ler na Bíblia como devemos viver segundo a vontade de Deus. Mas Deus também nos dotou de uma consciência, que nos habilita a distinguir "naturalmente" o certo do errado. Assim, "dois caminhos" levam também à vida moral. Sabemos que não podemos ferir as outras pessoas, mesmo que não tenhamos lido na Bíblia que devemos tratar os outros da forma como gostaríamos de ser tratados.
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