29 de março de 2013

Sucesso e Felicidade


Acho que por trás do dinheiro, do sucesso, da carreira brilhante, o que as pessoas querem mesmo se resumem numa palavra: "felicidade". Gostaria que alguém falasse mais sobre isso.
Um leitor


        Numa experiência realizada pela Universidade Estadual de Nova York, foi pedido às pessoas para completarem a frase: "Estou feliz por não ser..." Depois de repetir esse exercício cinco vezes, mais de 90% das pessoas experimentou um aumento da sensação de satisfação pessoal. Na saída, eram amáveis, colaboradoras e solidárias entre si e com alguns desconhecidos, que a ajudaram espontaneamente. Algumas horas depois, os pesquisadores convidaram o mesmo grupo a completar a frase oposta: "Gostaria de ser..." Dessa vez as pessoas saíram mais insatisfeitas com sua vida.
         Muitas vezes levamos a nossa vida seguindo frases do gênero: "Falta-me isto. Tenho direito aquilo. Ninguém me dá atenção. Ninguém pensa em mim." Mas não é com esse tipo de lamentações e de pretensões que podemos conquistar a felicidade. Pelo contrário, assim nos predispomos para uma existência de decepções e de sofrimento.
         No fundo, trata-se de reconhecer aquilo que somos, de aprender a dizer sim à realidade e de aceitá-la sem resistências inúteis, fazendo o que afirmou certa vez o psicanalista Carl Jung: "Só depois de estar doente compreendi como é importante dizer sim ao destino. Assim, forjamos um 'eu' que não se deixa esmagar quando acontecem coisas incompreensíveis. Um 'eu' que resiste, que suporta a verdade e que é capaz de enfrentar o medo e o destino." 
         O fato de que acontecem coisas ruins  a todos é evidente, mas é ainda mais evidente verificar que a todos sempre falta algo. Mas, se continuarmos a dizer a nós mesmo que nunca teremos tudo e mantivermos essa atitude negativa, vamos sentir mais ainda essa "falta". Deveríamos esquecer o que nos falta e alegrarmo-nos com o que temos, até porque a felicidade é desejar aquilo que conseguimos, enquanto o sucesso é conseguir aquilo que desejamos. Diz um provérbio oriental: "Quando temos a possibilidade de abraçar o mundo inteiro com o pensamento e de nos comunicarmos com todas as criaturas luminosas que o povoam, o que é que ainda nos falta para compreendermos que somos ricos e abençoados e que podemos até ajudar os outros? Enquanto não se lembrarem de fazer os outros felizes, vocês nunca serão felizes.”.
         Não é por acaso que um dos motivos mais frequentes das desavenças matrimoniais é o fato de as pessoas se casarem à procura da própria felicidade, enquanto o objetivo do casamento deveria ser fazer feliz o outro.

Revista Cidade Nova 
Edição: Abril de 2012
Pasquale Ionata

3 de março de 2013

Noite de mil anos


     O nosso calendário inicia-se com o nascimento de Jesus. Três dias após a sua morte espalham-se boatos de sua ressurreição e a partir de então houve a expansão da fé cristã.

  • Até o século III esta fé foi proibida, sendo reconhecida como religião pelo Império Romano em 313;
  • Em 380, o cristianismo se tornou a religião oficial de todo o Império Romano;
  • No ano de 395, o Império Romano foi dividido: passou a haver, então, um Império Romano do Ocidente, tendo Roma como seu centro, e um Império Romano do Oriente, cuja capital era a nova cidade de Constantinopla;
  • Em 410, Roma foi pilhada por povos bárbaros, e em 476 todo o Império Romano do Ocidente ruiu;
  • O Império Romano do Oriente continuou a existir até 1453, ano em que os turcos tomaram Constantinopla.
Apesar de ter sido para o homem renascentista a Idade Média uma única e longa "noite de  mil anos", houve também os que considerassem um período de "mil anos de crescimento". Durante a idade Média surgiram as diferentes nações, com suas cidades e fortalezas, sua música própria e suas narrativas populares.



O que seria dos contos de fada, dos nibelungos, dos cruzados, das bruxas, dos príncipes e das princesas se não tivesse existido a Idade Média?





A Filosofia Medieval gira em torno de tais questões:

- Qual era a relação entre os filósofos gregos e as doutrinas da Bíblia?

- Havia uma contradição entre a Bíblia e a razão, ou será que a fé e o conhecimento podiam conviver em harmonia?


Santo Agostinho



       Considerado um dos mais importantes filósofos cristãos, Santo Agostinho nasceu num período de transição entre o final da Antiguidade e os primórdios da Idade Média. Neste período de decadência do Império Romano, havia diversas tendências filosóficas e religiosas, desde os filósofos gregos até a doutrina cristã. 
        Antes de se converter ao cristianismo, Santo Agostinho pesquisou várias destas tendências vigentes na época. A partir destes conhecimentos, ao tornar-se cristão fundiu algumas destas ideias “cristianizando-as”. Para a teoria das ideias de Platão, Santo Agostinho explicava que Deus havia criado o mundo a partir do nada, e este é um ensinamento da Bíblia. Os gregos por sua vez, tendiam para a visão segundo a qual o mundo sempre tinha existido. Para Agostinho, antes de Deus ter criado o mundo, as “ideias” já existiam dentro da Sua cabeça. Ele atribuiu a Deus as ideias eternas e com isto salvou a concepção platônica das ideias eternas.
        E quanto ao neoplatonismo, Agostinho aplica-o a sua doutrina sobre o mal. Como Plotino, ele também achava que o mal era a “ausência” de Deus. Assim, o mal não teria uma existência autônoma, mas seria algo que não é. Isto porque Deus só criou o bem. Para Agostinho, o mal surge da desobediência do homem. Ou, para dizê-lo com suas próprias palavras: “a ‘boa vontade’ é ‘obra de Deus’, a ‘má vontade’ é a ‘ausência da obra de Deus’”.

O que acontece com a alma quando morremos?

         Para Agostinho, toda a raça humana fora amaldiçoada depois do pecado original. Defendia que a vida humana era uma realização da vontade de Deus, e que os homens, mesmo antes de nascerem, já estavam predestinados à salvação ou à perdição. Dizia que ainda que recebessem os sacramentos e se submetessem à vontade da Igreja davam provas de sua predestinação à salvação eterna.
     A teologia de Santo Agostinho influenciou toda a teologia ocidental posterior, especialmente com sua visão psicológica profunda e com o sentido de absoluta dependência do homem, em relação à graça divina, elaborado em sua doutrina da predestinação, da igreja e dos sacramentos.

São Tomás de Aquino



         O maior e mais importante filósofo da Baixa Idade Média foi São Tomás de Aquino, que viveu entre 1225 e 1274. Ele era originário da pequena cidade de Aquino, entre Roma e Nápoles. 
           São Tomás de Aquino está entre os que tentaram conciliar a filosofia de Aristóteles com o cristianismo. Ele não acreditava num paradoxo irreconciliável entre aquilo que nos diz a filosofia ou a razão, de um lado, e a revelação ou a fé cristão do outro. Muito frequentemente, o cristianismo e a filosofia falam da mesma coisa.
São Tomás de Aquino quer mostrar que existe apenas uma verdade. Uma parte da verdade nós podemos reconhecer, portanto, através da razão e da observação. Uma segunda parte da verdade nos foi revelada por Deus através da Bíblia.
           Para São Tomás de Aquino, Deus havia se revelado aos homens através da Bíblia e da razão. O mesmo vale para o campo da moral. Podemos ler na Bíblia como devemos viver segundo a vontade de Deus. Mas Deus também nos dotou de uma consciência, que nos habilita a distinguir "naturalmente" o certo do errado. Assim, "dois caminhos" levam também à vida moral. Sabemos que não podemos ferir as outras pessoas, mesmo que não tenhamos lido na Bíblia que devemos tratar os outros da forma como gostaríamos de ser tratados.