20 de novembro de 2012

A cidade e as serras







Gênero: romance realista português – fase do Realismo fantasista

Estrutura: livro dividido em duas partes – 16 capítulos desiguais

Foco narrativo: primeira pessoa – narrador testemunha (deuteregonista) 
  
Tempo: de 1820 até 1894 – divisão em blocos bem definidos.

Espaço: considerado “romance de espaço” – o espaço influencia da psicologia das personagens.

Linguagem:  Parte I - poder de ironia e talento caricatural,
                           Parte II – carga de lirismo com descrições impressionistas.

Personagens:  esféricos / planos / caricaturais:

         JACINTO – O protagonista, português residente em Paris, entusiasta da vida urbana, das inovações tecnológicas e da ciência; características que vão se alterar drasticamente durante a história. 

JOSÉ FERNANDES – Narrador-personagem amigo de Jacinto desde os tempos de estudante, quando os dois moravam em Paris. 

JACINTO GALIÃO – Também chamado dom Galião. Avô de Jacinto.

CINTINHO – Pai de Jacinto, homem de saúde frágil e temperamento sombrio. 

GRILO – O mais antigo criado de Jacinto, negro que desde a infância acompanha o patrão. Havia sido levado a Paris por dom Galião. 
JOANINHA – Prima de Zé Fernandes, camponesa portuguesa saudável e rústica.    

         Enredo: a trajetória de Jacinto do progresso da civilização à simplicidade     do campo.

        
           Em “A cidade e as serras”, José Fernandesnarra a história do amigo e protagonista, o entediado Jacinto de Tormes. Primeiramente, Zé Fernandes explica como conheceu Jacinto e criou por ele uma amizade fraternal em Paris.
    Jacinto morava no 202 dos Champs-Elysées, onde nascera, e vivia rodeado de todo conforto. A saída de sua família de Portugal para a França, ou melhor, de Tormes para Paris, foi causada pela vontade do seu avô, Jacinto Galião, que acabaria morrendo de indigestão. O filho Cintinho, ou o Sombra, une-se, tempos depois, com Teresinha Velho, vindo a ser pai do Jacinto em questão, o de Tormes, que nascera três meses depois da morte do pai provocada pela tuberculose.
    Fidalgo, inteligente e rico, Jacinto de Tormes detestava o campo. Colecionador de livros, onde conseguia todo o conhecimento filosófico de que necessitava, Jacinto acreditava que “o homem só é superiormente feliz quando é superiormente civilizado". Já o narrador José Fernandes era o oposto do que Jacinto acreditava.
            O hiper-civilizado Jacinto, repleto de um tédio irremediável, cansado da sua vida civilizada, com idéias determinadas pela moda filosófica e científica circulante em Paris, conta a Zé Fernandes sua decisão de partir para Portugal a fim de reconstruir sua casa em Tormes, levando para lá todos os confortos encontrados no Champs-Elysées.
      Em companhia de Zé Fernandes, lá vai Jacinto  de volta à província natal de sua família, no Minho. No entanto, o criado Grilo atrapalhou-se com a bagagem e remeteu-a para Alba de Tormes, na Espanha, fazendo com que Jacinto chegasse à sua terra só com a roupa do corpo.
           Começa, então, o contato de Jacinto com a natureza pela qual se deixa contagiar lentamente, renovando-se, primeiro liricamente e, depois, intelectualmente, quando passa a aplicar seus conhecimentos científicos ao campo.
          A neurose da civilização vai se dissipando, já que não condiz mais com o íntimo de seu caráter. Então, Jacinto conhece o amor por meio de Joaninha, prima de Zé Fernandes, simples, pura, o que lhe vai completando a felicidade e cativa-lhe um afeto sincero, anteriormente perdido. Com as reformas sociais e tecnológicas que vai introduzindo no campo, a produtividade cresce, enquanto Jacinto encontra seu caminho: um casamento feliz num cotidiano campestre e uma “áurea mediocritas” que faz com que o “Príncipe da Grã-Ventura” abandone, definitivamente, a mentalidade progressista e artificial parisiense em favor de uma vida em uma província simples lusitana onde encontra, finalmente, a paz e o encanto antes perdidos, ou melhor, a “Suma Felicidade”.




Questões

     

        (PUC) O romance A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós, publicado em 1901, é desenvolvimento de um conto chamado “Civilização”. Do romance como um todo pode afirmar-se que:
     
      Apresenta uma personagem que detesta inicialmente a vida do campo, aderindo ao desenvolvimento tecnológico da cidade, mas que ao final regressa à vida campesina e a transforma com a aplicação de seus conhecimentos técnicos e científicos.

       Comentário: A obra A Cidade e as Serras relata as transformações na maneira de o protagonista Jacinto encarar o mundo. Inicialmente ele se encontra inserido na modernidade, vivendo em Paris, entusiasta das novidades tecnológicas. Depois de uma crise de “fartura”, muito deprimido, reencontra o prazer de viver nas serras de Tormes, em uma vida simples que anteriormente criticava.
Essa nova fase conscientiza o protagonista dos problemas sociais, levando-o a procurar conciliar os avanços tecnológicos com o modo de vida local.

    Comentário: Em A Cidade e as Serras, o narrador conta a vida de seu amigo, Jacinto, defensor da vida urbana hipercivilizada, repleta de tecnologia e artificialismos. Inicialmente, Jacinto acreditava que "o homem só é superiormente feliz quando é superiormente civilizado", porém ao partir para o campo, Tormes, cidade fictícia, em Portugal, ele recupera suas origens, torna-se mais compreensivo com o que antes rejeitava e integra-se à vida rural, trabalhando nos campos elevando para a vida campesina o que a sociedade urbana e a tecnologia ofereciam de melhor.

      PUC 2007 - Eça de Queirós escreveu em 1901 o romance “A Cidade e as Serras”. A primeira parte da narrativa acontece em Paris; a segunda, em Tormes, Portugal. Nessa obra, Eça se afasta do romance experimental naturalista; abandona, então, no dizer de Antônio Cândido, a crítica ao clero, à burguesia e à nobreza e dá apoio às novas camadas suscitadas pela indústria e vida moderna. Está mais próximo das estruturas portuguesas que tanto criticara. Assim, desse romance como um todo, não é correto afirmar que

   a) desde o início, o narrador apresenta um ponto de vista firme, depreciando a civilização da cidade.
b) o personagem José Fernandes (Zé) relata a história do protagonista Jacinto de Tormes, valendo-se de sua própria experiência para indicar-lhe um caminho.
c) Jacinto sofre uma regeneração em contato estreito com a natureza, numa atitude de encantamento e lirismo e integra-se, por fim, na vida produtiva do campo.
d) o personagem protagonista se transforma, mas sente-se incompleto porque não consegue o amor de uma mulher e nem tem a possibilidade da constituição de um lar.
e) o protagonista, supercivilizado, detestava a vida do campo e amontoara em seu palácio, em Paris, os aparelhos tecnicamente mais sofisticados da época.

       UFRS  - Considere o enunciado abaixo e as três possibilidades para completá-lo.
Em “A Cidade e as Serras,” de Eça de Queirós, através das personagens Zé Fernandes e Jacinto de Tormes, que vivem uma vida sofisticada na Paris finissecular, percebe-se

   I – uma visão irônica da modernidade e do progresso através de descrições de inventos reais e fictícios.
II – uma consciência dos conflitos que a vida moderna traz ao indivíduo que vive nas grandes cidades.
III – uma mudança progressiva quanto ao modo de valorizar a vida junto à natureza e os benefícios dela decorrentes.

     Quais estão corretas?

     a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e II.
e) I, II e III.



Créditos




Revisão Fuvest 



14 de novembro de 2012

A Lista



Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais...

Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar...

Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria
Quantos amigos você jogou fora?

Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber?

Quantas mentiras você condenava?
Quantas você teve que cometer?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você?

Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver?
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você?

Indo-Europeus


Chamamos de indo-europeus todos os países e culturas nos quais são faladas as línguas indo-europeias que são as línguas europeias, maioria das línguas indianas e iranianas, com exceção das línguas fino-úgrias (Iapão, finlandês, estoniano e húngaro), além das línguas faladas nos países Bascos.


Os indo-europeus mesclaram-se às culturas pré-indo-europeias, sendo que a religião e a língua foram os elementos predominantes nesta fusão. Não são apenas as línguas que se parecem, os pensamentos também são aparentados. Por esta razão é que em geral falam de um círculo cultural indo-europeu.


As religiões eram  politeístas e haviam  nítidas afinidades entre alguns mitos, evidentemente que cada um se desenvolve em cenários diferentes. Mas muito desses mitos possuem um núcleo que aponta para uma origem comum. Um desses núcleo pode ser constatado de forma evidente nos mitos das poções da imortalidade e na luta contra os monstros do caos.

As mitologias nórdica e oriental apresentam características semelhantes devido a pertencerem ao mesmo círculo cultural indo-europeu. Para conhecer como essas mitologias descreveram a origem da vida: Mitologia Nórdica e Mitologia Oriental.

Uma das formas de pensar que abrangia estas mitologias é o mundo ser um imenso palco, no qual se desenrola o drama da luta incessante entre as forças do bem e do mal.

As mitologias grega, indiana e nórdica apresentam princípio claros de um tipo de observação filosófica ou "especulação do mundo".
Eles tentavam "entender" o desenrolas da história do mundo. Prova disto é que podemos encontrar em todo o espaço cultural indo-europeu uma palavra determinada que em cada cultura significa "compreensão" e "conhecimento".

Sânscrito: vidya
Grego: idé
Latim: video
Inglês: wise e wisden
Alemão: Weise (sábio) e Wissen ("saber", "conhecimento")
Norueguês: vitem

A palavra norueguesa vitem tem portanto a mesma raiz da palavra indiana vidya, da grega idé e da latina video.

De um modo muito geral, podemos dizer que a visão era o principal sentido para os indo-europeus. Entre os indianos e gregos, iranianos e germânicos, a literatura era marcada por grande visões cósmicas. Faziam representação dos deuses e mitos em quadros e esculturas.


Hemafrodito, filho de hermes e Afrodite, em obra de Bernini.

Por fim, os indo-europeus tinham uma visão cíclica da história, Não há, portanto, um verdadeiro começo para a histórias, assim como não haverá um fim. O que encontramos frequentemente são referências a mundos que surgem e desaparecem, numa alternância infinita entre nascimento e morte.

As duas grandes religiões orientais - Hinduísmo e Budismo - são de origem indo européia. Há muitos evidentes paralelos entre essas duas religiões e a filosofia grega. Estas ainda hoje são fortemente marcadas pela reflexão filosófica.
No Hinduísmo e no Budismo, o elemento divino está presente em tudo (panteísmo) e o homem se sentirá parte deste todo através da meditação e do profundo mergulho dentro de si mesmo.
No hinduísmo o objetivo de cada devoto é de um dia conseguir libertar sua alma do processo de transmigração da alma.

O Hinduísmo defende a crença na transmigração das almas. A alma depois de morta passa a uma forma de vida superior ou inferior, segundo o comportamento da pessoa durante a sua existência. As reencarnações da alma, ou metempsicose, terminam quando se alcança uma forma de vida tão elevada que se chega já ao estado de união com a alma universal (Brama). As ideias de metempsicose influenciaram algumas teorias filosóficas gregas  (Pitágoras, Platão).

Como consequência da crença na transmigração das almas, o hinduísmo tem um sistema de castas que classifica os homens em estritos agrupamentos de categorias. O prêmio e o castigo para as boas e más ações implicam que a pessoa renasça numa existência melhor ou pior, no caminho em direção à fusão com Brama. O respeito pela vida em todas as suas formas reside na crença de que mesmo o bicho menor pode ter sido um homem.

Filosofia