•Gênero: romance
realista português – fase do Realismo fantasista
•Estrutura: livro dividido em
duas partes – 16 capítulos desiguais
•Foco narrativo: primeira pessoa – narrador
testemunha (deuteregonista)
•Tempo: de 1820 até 1894 –
divisão em blocos bem definidos.
•Espaço: considerado “romance
de espaço” – o espaço influencia da psicologia das personagens.
•Linguagem: Parte I - poder de ironia
e talento caricatural,
Parte
II – carga de lirismo com descrições
impressionistas.
•Personagens: esféricos / planos / caricaturais:
JACINTO – O protagonista, português
residente em Paris, entusiasta da vida urbana, das inovações tecnológicas e da
ciência; características que vão se alterar drasticamente durante a
história.
JOSÉ FERNANDES – Narrador-personagem amigo de Jacinto desde os tempos de estudante, quando os dois moravam em Paris.
JACINTO GALIÃO – Também chamado dom Galião. Avô de Jacinto.
CINTINHO – Pai de Jacinto, homem de saúde frágil e temperamento sombrio.
GRILO – O mais antigo criado de Jacinto, negro que desde a infância acompanha o patrão. Havia sido levado a Paris por dom Galião.
JOANINHA – Prima de Zé Fernandes,
camponesa portuguesa saudável e rústica.
Enredo: a trajetória de Jacinto do progresso da civilização à simplicidade do campo.
Em “A
cidade e as serras”, José
Fernandesnarra a história do amigo e protagonista, o entediado Jacinto de Tormes.
Primeiramente, Zé Fernandes explica como conheceu Jacinto e criou por ele uma
amizade fraternal em Paris.
Jacinto
morava no 202 dos Champs-Elysées, onde nascera, e vivia rodeado de todo
conforto. A saída de sua família de Portugal para a França, ou melhor, de
Tormes para Paris, foi causada pela vontade do seu avô, Jacinto Galião, que acabaria
morrendo de indigestão. O filho Cintinho,
ou o Sombra, une-se, tempos depois, com Teresinha Velho, vindo a ser pai do
Jacinto em questão, o de Tormes, que nascera três meses depois da morte do pai
provocada pela tuberculose.
Fidalgo,
inteligente e rico, Jacinto de Tormes detestava o campo. Colecionador de
livros, onde conseguia todo o conhecimento filosófico de que necessitava,
Jacinto acreditava que “o homem só é superiormente feliz quando é superiormente
civilizado". Já o narrador José Fernandes era o oposto do que Jacinto
acreditava.
O
hiper-civilizado Jacinto, repleto de um tédio irremediável, cansado da sua vida
civilizada, com idéias determinadas pela moda filosófica e científica
circulante em Paris, conta a Zé Fernandes sua decisão de partir para Portugal a
fim de reconstruir sua casa em Tormes, levando para lá todos os confortos
encontrados no Champs-Elysées.
Em
companhia de Zé Fernandes, lá vai Jacinto de volta à província natal de
sua família, no Minho. No entanto, o criado Grilo atrapalhou-se com a bagagem e
remeteu-a para Alba de Tormes, na Espanha, fazendo com que Jacinto chegasse à
sua terra só com a roupa do corpo.
Começa,
então, o contato de Jacinto com a natureza pela qual se deixa contagiar
lentamente, renovando-se, primeiro liricamente e, depois, intelectualmente,
quando passa a aplicar seus conhecimentos científicos ao campo.
A neurose
da civilização vai se dissipando, já que não condiz mais com o íntimo de seu
caráter. Então, Jacinto conhece o amor por meio de Joaninha, prima de Zé
Fernandes, simples, pura, o que lhe vai completando a felicidade e cativa-lhe
um afeto sincero, anteriormente perdido. Com as reformas sociais e tecnológicas
que vai introduzindo no campo, a produtividade cresce, enquanto Jacinto
encontra seu caminho: um casamento feliz num cotidiano campestre e uma “áurea
mediocritas” que faz com que o “Príncipe da Grã-Ventura” abandone,
definitivamente, a mentalidade progressista e artificial parisiense em favor de
uma vida em uma província simples lusitana onde encontra, finalmente, a paz e o
encanto antes perdidos, ou melhor, a “Suma Felicidade”.
Questões
(PUC) O romance A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós, publicado em 1901, é desenvolvimento de um conto chamado “Civilização”. Do romance como um todo pode afirmar-se que:
Apresenta uma personagem que detesta inicialmente a vida do campo, aderindo ao desenvolvimento tecnológico da cidade, mas que ao final regressa à vida campesina e a transforma com a aplicação de seus conhecimentos técnicos e científicos.
Comentário: A obra A Cidade e as Serras relata as transformações na maneira de o protagonista Jacinto encarar o mundo. Inicialmente ele se encontra inserido na modernidade, vivendo em Paris, entusiasta das novidades tecnológicas. Depois de uma crise de “fartura”, muito deprimido, reencontra o prazer de viver nas serras de Tormes, em uma vida simples que anteriormente criticava.
Essa nova fase conscientiza o protagonista dos problemas sociais, levando-o a procurar conciliar os avanços tecnológicos com o modo de vida local.
Essa nova fase conscientiza o protagonista dos problemas sociais, levando-o a procurar conciliar os avanços tecnológicos com o modo de vida local.
Comentário: Em A Cidade e as Serras, o narrador conta a vida de seu amigo, Jacinto, defensor da vida urbana hipercivilizada, repleta de tecnologia e artificialismos. Inicialmente, Jacinto acreditava que "o homem só é superiormente feliz quando é superiormente civilizado", porém ao partir para o campo, Tormes, cidade fictícia, em Portugal, ele recupera suas origens, torna-se mais compreensivo com o que antes rejeitava e integra-se à vida rural, trabalhando nos campos elevando para a vida campesina o que a sociedade urbana e a tecnologia ofereciam de melhor.
PUC 2007 - Eça de Queirós escreveu em 1901 o romance “A Cidade e as Serras”. A primeira parte da narrativa acontece em Paris; a segunda, em Tormes, Portugal. Nessa obra, Eça se afasta do romance experimental naturalista; abandona, então, no dizer de Antônio Cândido, a crítica ao clero, à burguesia e à nobreza e dá apoio às novas camadas suscitadas pela indústria e vida moderna. Está mais próximo das estruturas portuguesas que tanto criticara. Assim, desse romance como um todo, não é correto afirmar que
a) desde o início, o narrador apresenta um ponto de vista firme, depreciando a civilização da cidade.
b) o personagem José Fernandes (Zé) relata a história do protagonista Jacinto de Tormes, valendo-se de sua própria experiência para indicar-lhe um caminho.
c) Jacinto sofre uma regeneração em contato estreito com a natureza, numa atitude de encantamento e lirismo e integra-se, por fim, na vida produtiva do campo.
d) o personagem protagonista se transforma, mas sente-se incompleto porque não consegue o amor de uma mulher e nem tem a possibilidade da constituição de um lar.
e) o protagonista, supercivilizado, detestava a vida do campo e amontoara em seu palácio, em Paris, os aparelhos tecnicamente mais sofisticados da época.
b) o personagem José Fernandes (Zé) relata a história do protagonista Jacinto de Tormes, valendo-se de sua própria experiência para indicar-lhe um caminho.
c) Jacinto sofre uma regeneração em contato estreito com a natureza, numa atitude de encantamento e lirismo e integra-se, por fim, na vida produtiva do campo.
d) o personagem protagonista se transforma, mas sente-se incompleto porque não consegue o amor de uma mulher e nem tem a possibilidade da constituição de um lar.
e) o protagonista, supercivilizado, detestava a vida do campo e amontoara em seu palácio, em Paris, os aparelhos tecnicamente mais sofisticados da época.
UFRS - Considere o enunciado abaixo e as três possibilidades para completá-lo.
Em “A Cidade e as Serras,” de Eça de Queirós, através das personagens Zé Fernandes e Jacinto de Tormes, que vivem uma vida sofisticada na Paris finissecular, percebe-se
Em “A Cidade e as Serras,” de Eça de Queirós, através das personagens Zé Fernandes e Jacinto de Tormes, que vivem uma vida sofisticada na Paris finissecular, percebe-se
I – uma visão irônica da modernidade e do progresso através de descrições de inventos reais e fictícios.
II – uma consciência dos conflitos que a vida moderna traz ao indivíduo que vive nas grandes cidades.
III – uma mudança progressiva quanto ao modo de valorizar a vida junto à natureza e os benefícios dela decorrentes.
II – uma consciência dos conflitos que a vida moderna traz ao indivíduo que vive nas grandes cidades.
III – uma mudança progressiva quanto ao modo de valorizar a vida junto à natureza e os benefícios dela decorrentes.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e II.
e) I, II e III.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e II.
e) I, II e III.
Créditos
Revisão Fuvest