11 de março de 2012

O Casmurro

Um dos grandes clássicos da literatura nacional, Dom Casmurro revela todo o talento de Machado de Assis na análise psicológica dos personagens e na criação de um clima de incerteza e ambiguidade.
Esta obra gira em torno do possível adultério da personagem Capitu, dividida em 148 capítulos curtos a narração passa-se entre o ano de 1857 a 1885.
O narrador-personagem conta os fatos de sua vida "O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência." (II)
Como a história é narrada pelo próprio personagem que vive os fatos, apresenta-se somente um ponto de vista, que este faz favorecendo-se e usando ironias ao retratar os demais personagens.

Traços Tipicamente Machadianos

Machado de Assis utiliza características peculiares em sua escrita, sendo estas usadas também por outros autores em seus livros, no romance Dom Casmurro há importantes observações a serem feitas:
  • Por ser um livro de memórias, a narrativa não segue uma ordem cronológica, é contada a partir das principais lembranças do narrador-personagem.
"Fiquei tão alegre com esta ideia (de escrever um livro), que ainda agora me treme a pena na mão. Sim, Nero, Augusto, Massinissa, e tu grande César, que me incitas a fazer os meus comentários, agradeço-vos o conselho, e vou deitar ao papel as reminiscências que vierem vindo." (II)
  • Em  muitas passagens o leitor é convidado a refletir com o narrador sobre a atitude de determinados personagens, há uma conversa com o leitor.
"Abane a cabeça, leitor; faça todos os gestos de incredulidade. Chegue a deitar fora este livro, se o tédio já o não obrigou a isso antes; tudo é possível, Mas, se o não fez antes e só agora, fio que tome a pegar do livro e que o abra na mesma página, sem crer por isso na veracidade do autor." (XLV)
  • A metalinguagem, recurso que é utilizado no trecho a seguir: 
"Aqui devia ser o meio do livro, mas a inexperiência fez-me ir a trás da pena, e chego quase ao fim do papel, com o melhor da narração por dizer. Agora não há mais que velá-la a grandes pernadas, capítulo sobre capítulo, pouca emenda, pouca reflexão, tudo em resumo. Já esta página vale por meses, outras valerão por anos, e assim chegaremos ao fim." (XCVII - A Saída)
  • Machado tem uma fascínio pela velhice, esta obra é contada por um velho solitário avaliando a sua existência, ao decorrer do livro analisa de uma modo racional e irônico tudo o que ocorreu em sua vida.

Este livro datado de 1899 teve como certa a traição de Capitu até os meados da década de 1950, a partir dos anos 1960, uma escritora americana fez um estudo nomeado de O Otelo Brasileiro de Machado de Assis.
Nesta crítica a obra, a autora Hellen Caldwell consiste em responder duas questões:             
" Capitu é culpada do adultério? "                                                                                                 " Por que o romance é escrito de tal forma a deixar a questão da culpa ou inocência de Capitu para decisão do leitor? "

Por não ter um final esclarecido, fica-se a dúvida em cada leitor se houve ou não a traição de Capitu, um dos pontos interessantes desta obra aberta é o fato de mudarmos de opinião dependendo da época, momento em que o lemos.
Neste momento eu dou como certa que não houve a traição, porém se reler o livro alguns anos adiante. poderei ter outras conclusões, aceitar o ponto de vista de Bentinho, no qual houve a traição.

Olhos de Ressaca

Diria ser automático ao falar dos Olhos de Ressaca lembrar de Capitu, esta metáfora redigida primeiramente pelo agregado José Dias ressalta o olhar de cigana oblíqua e dissimulada. 
A segunda citação dessa característica de Capitu é feita nos últimos capítulos referindo-se a ressaca do mar, isto é, a maneira descrita pelo narrador-personagem do olhar que Capitu atirou sobre o defunto em seu leito de morte.

Capítulos a serem revistos: A Vida é uma Ópera, Uma Reforma Dramática.

Personagens:

Antes de apresentar as características dos principais personagens, destacamos que no livro há somente um ponto de vista, e este descreve todas as singularidades a seguir, sabendo que a veracidade apresentada pode não ser fielmente exposta:

Bento Albuquerque Santigo, ou simplesmente Bentinho - O narrador-personagem, pode ser definido em sua juventude e na velhice:
Juventude: tímido, sem iniciativa. dominado e dependia da mãe, "menos homem, do que Capitu era mulher".
Velhice: advogado, viúvo, solitário, ex-seminarista, amargurado, irônico,  apesar de sempre ter tido recursos financeiros, e valorizava muito isto, é desconfiado e paranoico pelo amor.
Capitu - esta é uma personagem que temos somente o retrato feito pelo marido, definida como esperta, maliciosa, dissimulada, uma figura ambígua, Bentinho diz que ela sempre foi assim.
Escobar - teve uma relação muito próxima com Bentinho o conheceu no seminário, como ambos não tinham nenhuma vocação eclesiástica, seguiram rumos diferentes que o foram propostos ao entrar no seminário, porém a amizade durou anos. Escobar tinha vocação aritmética, adorava os números e tornou-se homem de negócios.
Sancha - amiga de Capitu, casou-se com Escobar, as relações entre os dois casais, Bento e Capitu, Escobar e Sancha eram bastante próximas.

Agora vamos a família de Bentinho:

Dona Glória - viúva e mãe de Bentinho, uma poderosa matriarca egoísta.
José Dias, o Agregado - um personagem típico da época, charlatão, amava os superlativos e era como pagem de Bentinho.
Tio Cosme - desde que enviuvou vivia em casa de Dona Glória, adorava jogar gamão, vez ou outra dizia pilhérias.
Prima Justina - A terceira da casa dos três viúvos.



Afinal, querido leitor, Capitu traiu ou não traiu Bentinho?

Créditos:

http://www.curso-objetivo.br/vestibular/atualidades_online4.aspx

Obra Completa:


Minissérie: Capitu A Vida é uma Ópera


Se preferir também poderá baixar a minissérie pelo torrent clicando no link:



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