9 de dezembro de 2011

O defunto-autor

Memórias póstumas de Brás Cubas é a obra que marca o inicio do Realismo Brasileiro, Machado de Assis é o nome do autor deste livro que nos faz reviver as memórias de um defunto, que conversa conosco ao decorrer do livro, nos faz refletir e não existe, explicando melhor você conversa com um morto que nunca existiu, isso não é fantástico? A literatura nos guia a caminhos nunca antes imaginados e surpreendentes.
Há um pequeno detalhe que não posso deixar que passe em branco, quando escrevi que Memórias Póstumas de Brás Cubas marca o início do Realismo no Brasil é da seguinte maneira: 
DOIS TIPOS DE REALISMO
O chamado Realismo na Literatura brasileira compreende duas manifestações literárias muito diferentes, ambas marcadas pela oposição à tendência idealizante do Romantismo e pela atitude crítica em relação à sociedade.                De um lado temos o Realismo propriamente dito, ou Realismo Psicológico, inaugurado por Memórias Póstumas de Brás Cubas; de outro, o Realismo-Naturalismo, cujo marco inicial é o romance O Mulato, também de 1881, de Aluísio Azevedo (1857-1913).     A obra mais importante do Realismo-Naturalismo é O Cortiço, de Aluísio Azevedo, editado em 1890. No livro de Azevedo, a trama desenvolve-se em uma habitação coletiva do Rio de Janeiro, onde vivem e circulam operários, prostitutas e personagens das mais variadas classes sociais. A composição desses tipos e do enredo tem a intenção de descrever objetivamente a vida de uma determinada sociedade e retratar seu funcionamento. O Realismo-Naturalismo é cientificista e determinista, considerando que as ações humanas são produtos de leis naturais: do meio, das características hereditárias e do momento histórico. Já o Realismo Psicológico de Machado de Assis despreza tanta objetividade. O escritor concentra sua narrativa na visão de mundo de seus personagens, expondo suas contradições. A classificação mais adotada para definir a escola literária a que pertence Machado de Assis na segunda fase de sua obra é Realismo Psicológico. O recurso que ele utiliza para discutir a sociedade é a abordagem, em profundidade, da individualidade e do caráter dos personagens. 

Prossigamos, este é o primeiro livro de Machado de Assis que eu li, certamente não é o conhecidíssimo Dom Casmurro mas não te esqueças, estamos falando de Machado de Assis e se tu achas que este homem fora apenas um mero escritor, estás completamente enganado.

Não há uma ordem cronológica neste romance, M. de A. ressalta no prólogo na quarta edição perguntado se este livro é um romance "sim e não, era romance para uns e não o era para outros" sobre a ordem cronológica destaca no primeiro capítulo "Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo."(I)

Lembre-se que há 2 Brás Cubas no livro o morto e o vivo, o morto que descreve as dissertativas, franco (não preocupa-se em estar certo ou errado, ele já está morto) "advirto que a franqueza é a primeira virtude de um defunto " (XXIV), sarcástico, irônico e observador. O vivo está apenas nos diálogos usados ao decorrer do livro.

Alguns dos principais capítulos do livro são: O emplasto, O delírio, Coxa de nascença, O embrulho misterioso, O velho diálogo de Adão e Eva, O vergalho e das Negativas. 
Naturalmente estes são os considerados mais importantes mas aqui entre nós o livro inteiro é uma pérola.

"Por que bonita, se coxa? por que coxa, se bonita?"(XXXIII) Este enigma que Brás Cubas tenta desvendar no capítulo posterior ao de Coxa de nascença é sobre a Eugênia ser coxa (manca), Eugênia era filha ilegítima de um amor entre dois amantes, o nome Eugênia significa bom gene. a bem nascida. Para Brás Cubas uma mulher bonita jamais poderia ser coxa deveria ser feia mas Eugênia era bonita e coxa, eles não ficaram juntos diria por orgulho deste Brás Cubas, achava-se superior (socialmente) e jamais um Cubas poderia casar-se com uma coxa, isto seria o pior. Ele chega a dizer isto "Tu, minha Eugênia, é que não as descalçaste nunca; foste aí pela estrada da vida, manquejando da perna e do amor, triste como os enterros pobres, solitária, calada, laboriosa, até que vieste também para esta outra margem... O que eu não sei é se a tua existência era muito necessária ao século. Quem sabe? Talvez um comparsa de menos fizesse patear a tragédia humana." (XXXVI).

Em diversos trechos do livro são feitas algumas citações de vários escritores como, Shakespeare, Virgílio, Sêneca e inclusive é usado algumas escrituras bíblicas.
Uma das minhas citações favoritas é a do capítulo Na Tijuca, "Que bom é estar triste e não dizer coisa nenhuma" Shakespeare.

Personagens:

Brás Cubas: O protagonista deste romance, vivo e morto, fofoqueiro, cínico, amante...
Marcela: Foi nesta "linda Marcela" que Brás deu seu primeiro beijo, ela prostituta espanhola, amou Brás por "15 meses e 11 contos de réis". Viva o Amor!
Virgília: Seria esposa do Brás se ele não fosse tão vagaroso, perdeu pro Lobo Neves (esposo da Virgília) e depois viveram algumas aventuras.
Eulália: quase casou-se com o Brás, filha do coronel Damasceno que gostava de uma briga de galo.
Essas 3 foram as mulheres de Brás Cubas.

Luís Cubas: papai do Brás "tinha é verdade uns fumos de pacholice; mas quem não é um pouco pachola neste mundo?" (III), queria ver o filho casado e politico mas morreu o mesmo aconteceu com a sua mãe quando ele Volta ao Rio (XXII).
Sabina: Irmã do Brás.
Cotrim: Cunhado do Brás, lucro era tudo para ele ("Os fins justificam os meios" Lembras tu de Maquiavel?)
Dona Plácida: uma senhora que recebeu um embrulho misterioso do Brás em troca de silêncio e lealdade.
Prudêncio: ex-escravo da família dos Cubas, quando criança Brás fazia-o de cavalinho, quando conquistou a sua liberdade comprou um escravo por desejo de vingança , na tentativa de repetir com outra pessoa o que ele próprio sofreu, este personagem mostra a situação entre opressor e oprimido.
Quincas Borba: Amigo de infância de Brás, mendigo, filósofo, criador de um sistema filosófico adotado diria pelo Brás.

O livro pode ter sido publicado pelos anos de 1880, "Não acreditava que ele tivesse vivido numa época tão distante. Você pensaria que foi escrito ontem. É tão moderno e prazeroso. É uma obra muito, muito original."

Créditos: 


http://fredb.sites.uol.com.br/mpbc.html

http://www.curso-objetivo.br/vestibular/atualidades_online2.aspx

Obra Completa:

http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000167.pdf

Filme Completo:

http://www.youtube.com/watch?v=badOiExoMKk



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